quarta-feira, julho 13, 2005

Tudo igual em Portugal

Portugal. País único! Portugal país singular.

Portugal é o país onde a seca extrema tão anunciada e prevista não impede os municipios de regar os jardins, praças e rotundas com água tratada. Noutros países esta é uma das primeiras medidas para poupar o líquido precioso, mas cá não.

Portugal é o país onde as empresas têm pouca capacidade competitiva face à concorrência estrangeira, mas é também o país cujas empresas fornecedoras de energia (petróleo, gás natural e electricidade) mais lucros apresentam, ano após ano. Nos outros países o estado consegue controlar essa ganância inibidora da economia, mas por cá não há esse interesse.

Portugal é o país do improviso, e todos os anos se usa essa capacidade de improviso mesmo no combate aos incêndios florestais, que até têm uma época oficial própria. Ainda ontem vi na tv um comandante de bombeiros que nem sabia ao certo o número de homens que dispunha, nem os respectivos meios terrestres e aéreos. Tinha uma ideia, o que já não era mau de todo, mas números exactos não sabia... Como se pode coordenar o que quer que seja ignorando isto? Só graças ao improviso permanente.

Portugal é o país do esbanjamento. Todos os anos deita fora energia suficiente para suprir metade das suas necessidade anuais em energia electrica (biomassa florestal) que ainda para mais é totalmente auto-sustentável. Na Suécia, os 60 dolares/barril já fizeram com que produção de bio-combustíveis feitos a partir da biomassa esteja já inserida na rede de abastecimento de gasolinas e gasóleos. Por cá, como somos ricos, só usamos petróleo e do bom e o resto deixa-se arder...

Todos conhecemos um vizinho ou amigo de um conhecido que ganha o que ganha mas faz questão de ostentar uma vida muito acima das suas posses. O que eu não sabia é que um país pode também assumir esta imagem e é exactamente essa a ideia que Portugal deixa a quem o vê de fora. É um país em fato de treino roxo, a vaguear por um mega centro comercial e a comprar tudo o que acha que vai meter raiva aos outros, nem que seja a crédito de 72 meses. O que interessa é ostentar, é parecer rico.

Portugal é também o país dos milagres. Das excepções e dos herois, que de vez em quando aparecem e fazem avançar um pouco o nível do país.
O problema é que milagres e herois não acontecem todos os dias e enquanto se espera pelo próximo a tendência natural é degradar tudo o que o anterior estado excepcional de competência realizou.

Portugal é um país que se dá mal com a democracia e a liberdade. Ou melhor só consegue encontrar dois modos de vida, ou totalmente paternalizado com uma ditadura cómoda ou totalmente anárquico com uma democracia irracional.

Falta quem pense, quem planeie, quem trace um rumo e quem crie soluções. O tal heroi, o D. Sebastião.

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