quarta-feira, outubro 10, 2007

Estão a ver...

Para quem anda distraido (como parece ser o caso do nosso governo), fica aqui uma noticiazinha da edição de hoje do jornal de negócios (10-10-2007):

A Comissão Europeia vai investir 940 milhões de euros na pesquisa e no desenvolvimento de carros a hidrogénio. Este programa vai ser financiado, em 50%, pela Royal Dutch Shell e pela Bayerische Motoren Werke (BMW), e os restantes 50% pela UE ao longo dos próximos seis anos.
O comissário europeu para a Ciência e a Investigação, Janez Potocnik, anunciou esta manhã, que a CE vai investir 940 milhões de euros para incentivar o desenvolvimento de carros a hidrogénio. Este programa "é o início de um mudança real" e vai ajudar a "colocar estas tecnologias no mercado", afirmou Potocnik.
Quando usado como combustível, o hidrogénio não produz poluentes como o dióxido de carbono. Com este programa, a UE espera reduzir as emissões poluentes e diversificar as fontes de energia.
Este programa é financiado, em 50%, por empresas e a outra metade pela UE, durante os próximos seis anos.Até agora apenas a petrolífera Royal Dutch Shell e a fabricante de automóveis BMW estão confirmadas como financiadoras.

quinta-feira, outubro 04, 2007

o mau caminho

Conforme tinha escrito nos principios da Reforma Energética para a nova Lusitânia, o caminho das grandes hídricas está ultrapassado e não deveria ser a escolha estratégia de um país que sabe onde quer estar no futuro próximo. Os problemas que as grandes barragens trazem ao país em termos de qualidade do recurso água e do recurso bio-diversidade, são maiores do que o aproveitamento energético que se supõe delas retirar. Sem embargo, o governo de portugal, anunciou hoje mais 10 empreendimentos hídricos de grandes dimensões. Alguns deles estão previstos para rios já hoje problemáticos em termos de qualidade de água (ex. Tâmega), outros inexplicavelmente foram localizados nos troços finais dos respectivos cursos de água (ex. Foz do Tua), precisamente nos locais onde mais afectam a migração de espécies da ictiofauna.
Vou dar aqui, neste escondido blog, uma novidade ao senhor ministro do ambiente, ao ministro da economia e ao primeiro ministro: A energia hidrica não é verdadeiramente renovável.
Ser renovável significa que não destroi recursos, não extingue partes do sistema onde se insere.
Pensem nisso um bocadinho...

Para além desta importante contra-indicação da energia hidroeléctrica (tal como vai ser implementada), debate-se também na reforma energética para a nova Lusitânia, a questão de esta forma de produção de energia ser tecnologicamente retrogada e ultrapassada. Nada na sua tecnologia é novo. Nada há a inventar. Nada há que permita criar valor intelectual para o país.
Ao invés dela, a energia das ondas, a solar e a eólica conjugadas entre si como ferramentas para produzir sustentavelmente o HIDROGÉNIO, são os territórios "quase virgens" na descoberta de novos paradigmas energéticos. É aí que está a inovação! Aí está o futuro!
Imagine-se o que um país como o nosso poderia ganhar se se tornasse o número 1 destas formas de produção de energia! O dominador! O dono das patentes! O controlador do Know-How!
Mais uma vez os nossos governantes mostram a sua pequenez, a sua falta de ambição!
Querem hidricas para cumprir o Quioto. Limitam-se a cumprir uma espécie de "Mínimos Olímpicos". Satisfazem-se em ter 10 neste exame, que tantas implicações poderia ter no futuro da nação...
O que nos vale a nós, habitantes deste território mal gerido, é que a mudança está para chegar!

A fundação da nova Nação Lusitânia, irá mudar a mentalidade de todos, tal como a luz do sol transforma a uva verde, no nectar dos Deuses!

sexta-feira, abril 06, 2007

o benfica

Já todos nós sabemos que o slb, convive mal com adversários. Convive ainda pior com adversários que lhe "roubam" os títulos que esse clube à muito tempo já reservou para si. É nesta perspectiva que se deve analisar esta questão dos incidentes do último clássico no estádio da luz. Todos se lembram da novela que esse clube inventou, na época passada com a cedência dos bilhetes ao porto e ao sporting. Desta vez adoptaram outra táctica. Colocaram a claque do porto no último andar do seu estádio. No nível inferior estavam colocados sócios comuns do benfica que foram constantemente ameaçados e agredidos ao longo do jogo. Este tipo de distribuição do público num jogo de alto risco foi feito contrariando todas as recomendações, da uefa, da psp, do bom senso e da inteligência. Mesmo assim a direcção fez o que quis. Colocou premeditadamente em perigo, a vida dos seus próprios sócios e simpatizantes.
O que pretendiam eles alcançar com esta jogada?
Pretendiam demonstrar que o slb não deve ceder bilhetes aos clubes rivais porque eles portam-se mal, criam problemas e tudo corre melhor se no seu estádio só existirem adeptos do seu clube. O unanimismo garantirá a paz e a tranqüilidade pra todos. E assim é que o desporto deve ser, na cabeça dos seus dirigentes. Cumprindo este desígnio, o seu presidente já está a trabalhar na 2a parte do plano. Já ameaçou não ceder bilhetes ao sporting para o próximo derbi da capital. Ainda esboçaram um tentativa de interditar o estádio do dragão como punição para o mau comportamento da claque no estádio da luz. Tudo vale para atingir os seus objectivos.
O presidente do slb merece aliás uma análise mais profunda. Esse senhor é de facto um caso de estudo nesta sociedade. Ele já afirmou não receber lições de justiça, de ninguém. Já afirmou não receber lições de ética, de ninguém. Agora no decorrer de mais este caso, afirmou não receber lições de segurança da comissária da psp. Estamos portanto perante 2 hipótes que importa estudar: ou de facto ele é uma sumidade que o país está a desperdiçar completamente ao dar-lhe apenas o cargo de presidente de um clube desportivo, ou então trata-se de um mero disco riscado que ele engoliu ou que alguém o fez engolir. Em qualquer das hipóteses, o que importa reforçar é que este clube sempre conviveu mal com adversários e particularmente com adversários com potencial para lhe ganhar jogos. Aliás recordando a história desse clube, facilmente veremos que o seu período áureo, coincidiu com o de um regime político que também tinha esse problema. Também conviva muito mal com qualquer adversário que lhe aparecesse pela frente, e de certo concordaria de pronto em decretar que no estádio da luz apenas poderão entrar adeptos de clubes que logo à partida se comprometam por escrito prestar a devida vassalagem ao "glorioso sport lisboa e benfica".

quarta-feira, fevereiro 28, 2007

O crime não pode compensar

A sociedade portuguesa tem usado sistematicamente a degradação e a desqualificação dos recursos hídricos como pretexto para viabilizar todos os projectos que decida executar. O primeiro passo é poluir os cursos de água, destruir as margens e os ecossistemas associados, depois artificializá-lo o mais possível construindo muros nas margens, entubamentos e desvios do leito. Por fim quando pouco mais resta ao Ribeiro do que alguns troços a céu aberto e altamente contaminados (como é o presente caso), evoca-se a saúde pública para colocar a lápide final.

“Aqui correu em tempos um Ribeiro, depois uma linha de drenagem topográfica e finalmente um esgoto a céu aberto, mas nós graças a este magnifico empreendimento conseguimos finalmente fazer desaparecer esse empecilho à modernidade e declaramos que ele deixou de existir.” De forma sucinta é este o argumento utilizado, uma vez mais, neste projecto de Centro Comercial.

Não deixa de ser irónico como acabam por ser os sucessivos atentados a que são sujeitos os cursos de água portugueses, a razão final para justificar seu destino final. São o início e o fim do ciclo de destruição a que assistimos. O que custa mais é o primeiro passo. Depois dele, como já se desvalorizou o seu carácter natural, os posteriores atentados já são encarados com mais brandura, e quando finalmente ele chega a um estado “comatoso”, surge um empreendimento qualquer que se propõe “generosamente” a praticar a “eutanásia” final.

Toda esta justificação é meramente filosófica, porque a maneira com os projectos são apresentados e justificados, levam a discussão precisamente para esse campo. Não podemos punir o último infractor quando deixamos incólume o primeiro e o segundo e o terceiro. E se virmos bem, se calhar o actual Ribeiro da Longra, tal com o da Nassica, e outros, já nem são recuperáveis, portanto até nem se perde grande valor. Só que o problema é precisamente este tipo de raciocínio. É com este tipo de conclusão circular, que a sociedade se pretende auto-desculpar.

terça-feira, fevereiro 20, 2007

Apitos

  1. Os sucessivos mandatos de Pinto da Costa na direcção do FC Porto, não engrandeceram apenas as vitrinas do museu de troféus, dedicadas ao desporto rei. Durante a sua gestão, o FC Porto tornou-se melhor clube de Hóquei, melhor clube de Basquetebol, melhor clube de Andebol, conquistou provas de Atletismo, de Voleibol (entretanto extinto), e até de bilhar. No hóquei transformou-se numa potência europeia. A gestão foi portanto de natureza ecléctica e abrangente. Como explicar este fenómeno? À luz do apito dourado, provavelmente (dirão os inimigos) a receita teria sido a mesma e terão sido os métodos de aliciamento de árbitros, dirigentes e agora até atletas. Para quem tem os pés assentes da terra, não me parece que tal tenha acontecido. A ter sido assim, estaríamos perante não um polvo mas talvez uma centopeia. Uma centopeia de dimensões bíblicas que de certo só existirá nos pesadelos recorrentes dos adversários do FC Porto.
  2. O domínio exercido pela equipa de futebol nas competições nacionais, teve também enormes consequências no perfil internacional do clube. Como se sabe, à semelhança de outros períodos em que a predominância pertenceu a outros emblemas, o palmarés europeu e mundial do FC Porto cresceu. E cresceu tanto, que durante este período de tempo, o FC Porto se transformou no melhor clube português. Terão todas essas conquistas internacionais sido também obtidas de forma ilegal? Deverão ser investigadas? Se assim for, teremos de abrir inquérito aos títulos europeus do Benfica em 61 e 62? Não serão esses títulos internacionais (agora do FC Porto e dantes do Benfica e do Sporting) o melhor atestado possível para a qualidade de uma equipa de futebol? e se assim for, não seria normal, que essa qualidade permitisse acumular vitórias nas competições internas?
  3. Recentemente, um treinador de top do futebol mundial, afirmou que a melhor equipa que treinou foi o FC Porto da época de 2002/2003. Nesse ano, esse treinador e essa equipa, ganharam o campeonato português, a supertaça portuguesa e a taça UEFA. Esse treinador é José Mourinho, que uma época depois ganhou mais um campeonato, uma taça de Portugal, outra supertaça e a Liga dos Campeões. Logo que saiu do FC Porto, Mourinho foi proclamado por todos "especialistas" como o melhor treinador do mundo e o melhor de sempre do futebol nacional. Ora neste cenário, como é que pode ser verosímil, que se estejam a investigar jogos, precisamente da época 2002/2003? Fará algum sentido que a direcção do FC Porto tenha feito alguma manobra ilegal, precisamente nessa época?
  4. À medida que se constroi uma entidade, seja um clube de futebol, uma empresa ou uma organização, mais precioso se torna o património construído, ou no caso de um clube, o património conquistado. Nenhum clube português conquistou tanto em tão pouco tempo como este FC Porto, arquitectado pela direcção de Pinto da Costa e com toda a certeza, ele mais do que nenhum outro homem em Portugal, sabe o valor específico de cada vitória, de cada troféu e de cada conquista. Fará algum sentido arriscar tudo isto com jogos de bastidores que configuram um comportamento quase infantil, confiando nas informações que o segredo de justiça nos tem apresentado?
Por agora são estas as minhas impressões sobre o monstro que alguns querem criar em torno do FC Porto. De uma coisa tenho já a certeza, com o fecho desta janela de horrores, Pinto da Costa pode passar de Grande Timoneiro da nação azul e branca, a uma espécie de Grande Coveiro. Se com este processo o mérito desportivo dos últimos 23 anos do FC Porto for sequer arranhado, podemos assistir ao fim não só de um clube incontornável do desporto nacional mas também ao último sopro de vida dos que ainda acreditavam na verdade do desporto.
Falando por mim garanto, se isso vier a acontecer, nunca mais acompanharei nenhum evento desportivo que tenha lugar neste país.

sexta-feira, janeiro 12, 2007

portagens

Porque razão o Estado tem de garantir alternativas equivalentes às auto-estradas que têm portagem?
Por mais que pense na resposta não a consigo encontrar.
Porque é que o automóvel há-de ser privilegiado em relação ao todos os outros meios de transporte?
Não há comboios grátis e comboios pagos, pois não?
Não há autocarros grátis e autocarros pagos. Não há vôos comerciais grátis e vôos pagos?
Então porque raio é que o automóvel tem de ter obrigatoriamente uma alternativa grátis para ir para o mesmo sítio.
Creio que se trata de mais uma adulação ao Deus do automóvel, sem o mínimo de racionalidade. O português adora o automóvel tal maneira que cria coisas destas e obedece-lhes sem nunca questionar o porquê.
Por existirem salas de cinema comercial (Lusomundo, Castelo Lopes ou Medeia) terá o Estado Português a obrigatoriedade de proporcionar aos seus cidadão a alternativa de ir assistir aos mesmos filmes (embora em salas mais fraquinhas)?
Em nenhuma actividade essa obrigação existe. Mas tratando-se do Deus automóvel, é lógico perante todos que isso tenha de acontecer.
Mas porque carga de água?
Pergunto eu...

quinta-feira, janeiro 11, 2007

atraso estrutural

Em portugal vive-se um atraso estrutural. Toda a gente deve estar farta de ouvir isto. Para mim é verdade. Para mim o atraso vê-se num facto incontestável. Antigamente, quando o país não tinha estradas, não tinha aeroportos, em que era recomendável regionalizar o poder de decisão, centralizou-se tudo na capital. Nos dias de hoje, em que devemos ter a melhor rede de estradas da europa, as quais reduziram dramaticamente as distâncias entre as regiões e onde nos apercebemos realmente que o país é pequeno, vai-se avançar para a repartição reginal de poderes.
Conculsão, demoramos tanto tempo a corrigir uma anormalidade, que quando finalmente decidimos a solução, o país já não é o mesmo e reparamos atónitos, que a cura foi pior que a doença.