domingo, junho 26, 2005

Sócrates

Para este primeiro ministro ser eficaz vai ter gerir mt bem a sua imagem. Os últimos políticos de relevo que Portugal teve não souberam ou não quiseram gerir a sua imagem e foi isso que os derrubou e matou para sempre no panorama de futuros escrutinios. Uns deixaram-se afundar pelo estigma da inoquidade e acabaram por acordar no meio de um pantano infestado de mediocridade. Outros cresceram de tal forma viciados na sua própria imagem que naturalmente foram incapazes de se manter afastados das câmaras televisivas e dos microfones o tempo suficiente para 5 minutos de pensamento autónomo, e as consequências foram infelizmente as que todos nós esperavamos.

A Sócrates é fundamental quebrar com este ciclo de ignorância mediática e usar a sua imagem com discrição e bom senso.
Nenhuma figura pública consegue manter durante 4 anos a necessária credibilidade, se todos os dias falar com os media, anunciar medidas, apresentar declarações. É um suicidio pensar que se pode.

Até agora tenho boa impressão do caminho dele mas com o agudizar das tensões entre o governo e as cooperativas de interesses, temo que os media lhe façam o que a outros fizeram e o cerquem com falsas oportunidades de marketing político e ele se acabe por auto-destruir como os antecessores.

Vamos aguardar.

sexta-feira, junho 10, 2005

os 2 Metros

Temos vindo a assistir a sucessivos processos polémicos e extemporãneos de discussão pública e acalorada, sobre os trajectos que o metro do porto deve ou não percorrer. Primeiro foi o metro na Avenida da Boavista e agora o do metro no hospital de São João. O caso da Boavista deu-me muito que pensar até descobrir os verdadeiros motivos da parte que, a meu ver, queria impor a pior solução.
Foi preciso ler um parágrafo, escondido num longo artigo do público para perceber os verdadeiros contornos da tramoia que envolve a súbita colocação do metro, a circular ao longo da avenida. É simples e conta-se telegraficamente. A Imoloc tem direitos de construção nos terrenos da parte poente do parque da cidade. O presidente da câmara foi eleito prometendo à cidade que jamais deixaria construir aí. Cumpriu o prometido mas ficou a faltar o graveto da indemnizacão à empresa. De repente alguém se lembra de uma solução aparentemente genial. Faz-se o metro passar pela Boavista, com esse pretexto, constrói-se um novo viaduto sobre o parque e para viabilizar esse viaduto temos de usar os terrenos da Imoloc. Resumindo a empresa metro do porto, usando o dinheiro de Bruxelas resolve o problema da câmara e do presidente, a empresa fica satisfeita porque recebe o dinheiro e quem se lixa é o parque e quem gosta dele.
Como no início do caso esteve sempre presente a salvação do parque das garras do imobiliário, chega-se a uma solução do tipo o mal menor, trocando habitações de luxo por um maravilhoso viaduto desenhado pelo grande siza vieira, mas que apesar disso não deixará de violar o espaço aéreo e visual da maior área verde da cidade. Esta até agora é a melhor explicação para tanta pressa em decidir um aborto chamado viaduto.Pode nem ser o verdadeiro motivo mas para mim é o único que faz sentido até agora.
Nas últimas semanas tem vindo a aumentar de volume um novo processo, o da passagem do metro no hospital de São João. O que está planeado e aprovado é que ele passe à superfície, no entanto alguns iluminados e atrasados (que só agora olharam para o projecto) pretendem a todo custo enterrar o metro neste troço.
Os pretextos, à semelhança do caso Boavista, são já em número considerável, a segurança dos peões, o caos do trânsito, a perda de lugares de estacionamento, o acesso das ambulâncias e outros. No entanto, e tb à semelhança do caso Boavista, ainda nenhum fez soar na minha cabeça o clique da verdade.
A segurança dos peões cai com a estatística, pois até agora com 2 anos de vida não houve 1 único acidente grave que envolvesse peões e as carruagens do metro. Aliás basta sair do São João em direção ao IPO e atravessar na fantástica passadeira que lá foi colocada para perceber qual é a real ameaça à integridade física dos peões.
O 2º argumento, o do caos, só pode enganar quem não conhece a zona do causa. Se houver um ranking de zonas caóticas na cidade do porto esta tem de aparecer no top 3 e que eu saiba nunca lá existiu nada mais que transportes rodoviários. Aliás para se diminuir o caos que sempre existiu na zona só existe uma solução, retirar o máximo número de carros particulares que para lá afluem diariamente. Isso só se consegue com um transporte público eficaz, prático e regular.
Com o tempo o verdadeiro argumento irá aparecer. Provavelmente envolve questões mais pequenas em dimensão de interesse público e mais fortes em interesses sectoriais. Talvez imobiliários, talvez pessoais ou de grupos com interesses comuns.
Conhecendo o país e a cidade posso para já adivinhar com segurança que dificilmente serão os peões, os utentes do hospital que estão a motivar esta feroz negociação. Só tenho de esperar mais um tempo e ler com atenção todos os parágrafos do público.

... em obras

As obras em portugal são uma obssesão. Foram estas palavras que o investigador
Bordalo e Sá usou pra tentar justificar determinadas obras q s fazem por esse país
fora. Todos conhecem obras cujo objectivo final permanece desconhecido. Vou lembrar
algumas. Os molhes do douro (aos quais se referia Bordalo e Sá), as milhares de
rotundas, o túnel de ceuta e do marques, a nova auto-estrada a29, ruas que se
esburacam para passado pouco tempo tornar a abrir,etc.
Isto acontece pq?
Pq portugal possui um enorme excesso de empresas de construção civil. Empresas que
vivem à custa das obras municipais, regionais e nacionais e que por elas lutam com
unhas e dentes, numa primeira fase criando a fantasia da sua necessidade, dp
concorrendo à sua execução. Com este ciclo vicioso vai-se assistindo ao degradar
da paisagem, do urbanismo, da racionalidade do uso da energia, do desbaratar de
todos os recursos