sexta-feira, maio 29, 2009

o anúncio obsceno da EDP

A EDP, está empenhada a melhorar a sua imagem ambiental. Tem gasto muito dinheiro nesse objectivo. O último produto que mandou fazer é um anúncio onde se insiste em colar a imagem das barragens com a da bio-diversidade e conservação de espécies em risco de extinção.
Projectando barragens estamos a contribuir para a preservação de espécies em perigo.
É mais ou menos isto que pretendem vender.
E não deixa de ser fantástico que tenham coragem para lançar esta colagem para cima do país. Certamente que muitos dos portugueses até a aceitam.
Eu acho-a obscena!
Quem perceber alguma coisa de ecossistemas, de bio-diversidade e de biologia aquática, não pode pensar de outra maneira.
Valorizo bastante vários projectos que a EDP tem apoiado e que efectivamente ajudam a preservar espécies em risco. Falo dos projectos financiados pela EDP na área da protecção das cegonhas, das aves de rapina, dos lobos e dos morcegos. Mas considero que esta nova ideia de associar a construção de barragens a estas iniciativas é totalmente imprópria de uma instituição que quer ser levada a sério pela comunidade científica nacional.

Dias Loureiro e outras pessoas muito sérias

Antigamente havia pudor em declarar-se publicamente que a seriedade pessoal está acima de qualquer suspeita. Hoje não é assim, e não faltam exemplos de figuras mais ou menos públicas que independentemente do caudal informativo negativo que enfrentam, se agarram aos lugares e ao estatuto alcançado como se de náufragos se tratassem.
Ao primeiro sinal de alarme, é logo marcar conferências de imprensa em horário nobre, para propagar alto e em bom som que o seu bom nome, se equipara sem grandes distâncias ao das mais puras figuras públicas da história. Estão ali entre Gandhi e Luther King (se forem homens), ou entre a Rainha Santa Isabel e a Madre Teresa de Calcutá (para o caso feminino).
O caso de Dias Loureiro é só mais um. A lista é cada vez mais longa. A perder de vista.
O que tem este de particularmente diferente? Nada.
Apenas uma nota que ainda não vi exposta. Vem hoje publicado no Diário de Noticias, que este caso BPN, onde está mergulhado o ainda Conselheiro de Estado, envolve um total de 8 off-shores que serviam para em sucessivas transferências de dinheiro, fazer "evaporar" cerca de 40 milhões de euros.
Creio ser unânimemente aceite que é exactamente para isso que servem esses veículos financeiros, como agora se chamam. Aliás, para isso e também para fugir ao fisco. Conjugando essas duas componentes, concluo que se trata de organizações pouco próprias para homens sérios.
Agora eu gostava que de perguntar: Poderá um homem sério, envolver-se num negócio (seja ele qual for) que meta pelo meio uma off-shore, e esperar que a sua imagem permaneça imaculadamente limpa se e quando esse negócio for tornado público?
Não será exigir demais dos portugueses, que para além de serem roubados em 40 milhões de euros, lhe continuem também a manter a imagem de homem sério?
Não se pode ficar com tudo. Senhores, homens sérios! Não queiram ficar com tudo! Os milhões já todos sabemos que são irrecuperáveis. A punição para os responsáveis pelo roubo, também está bastante comprometida. Restará aos portugueses mais algum beneficio para além de poderem brincar com mais este nome sério, no pantâno de homens sérios em que se tornou este país?
Outra pergunta: Quando alguem sabe que um homem sério fez um negócio envolvendo uma ou oito off-shore, deve manter nele a sua total confiança?
Reparem que para fazer estas perguntas, não é necessário esperar por resultados de inquéritos, ou de comissões, ou de processos de investigação.