sexta-feira, maio 02, 2014

12ª avaliação

Hoje foi o dia em que o ministro Sacadura e a ministra Marilu, anunciaram ao país o resultado da 12º e última avaliação da troika (concluída ontem às 20h52!!!), ao estado a que este país chegou.
Hoje, como em inúmeras outras ocasiões, o casal de ministros explicou que o sistema nacional de pensões não é sustentável e que tudo tem de ser feito para o "sustentabilizar".
Ora aqui chegados eis algumas questões que me perturbam.
1. Todos sabemos que o Estado português, à semelhança do resto do país (não podemos falar de um sem falar do outro), gasta mais dinheiro do que aquele que dispõe como receita, e daí o recurso à dívida. Sabemos também que dentro das contas do Estado, deste Estado falido, existem várias rubricas. Existe o já referido sistema de pensões, como existe o sistema de justiça e como existe também o serviço da dívida. Até aqui tudo tranquilo e tudo pacifico. O problema começa a desenrolar-se quando os diversos governos do partido do Arco, catalogam as pensões e restantes prestações sociais como insustentáveis, e ao mesmo tempo juram a pés juntos que, por exemplo, a dívida já o é. 
Como é que eles conseguem dentro de uma massa global falida, distinguir o que é, do que não é sustentável? É um pouco como se a uma empresa insolvente, se dissesse: "meus amigos, os salários dos trabalhadores vão ficar por pagar, mas o empréstimo para a frota da administração tem mesmo de ser pago, custe o que custar".
2. Todos sabemos que parte substancial da dívida criada nos últimos 3 anos foi para cobrir o maior roubo jamais efectuado num país "civilizado". O crime BPN custou-nos 7 mil milhões de euros. Gente anónima que passa por nós pelas ruas das nossas cidades, e gente famosa que passa por nós nas televisões, recebeu dinheiro desse bando de criminosos, deixou de pagar os empréstimos e o banco faliu. Como faliu e alguém achou que ele era grande de mais para falir, o Estado endividou-se para pagar os buracos, e agora todos estamos a pagar essas dívidas. Sabemos também que o sistema de justiça português não vai conseguir recuperar nenhum deste dinheiro, nem vai sequer, castigar toda essa gente envolvida.
Sendo assim:
a) porque é que pelo menos esta parte da dívida pública, não é catalogada como insustentável pelos mesmos que classificam assim o sistema nacional de pensões?
b) porque é que o partido do Arco não descreve também como insustentável este sistema de justiça, criado e mantido para permitir que os crimes deste calibre, sejam sistematicamente ignorados e não punidos? Porque é que não se faz a reforma deste sistema insustentável?