sábado, março 31, 2012

breves

Os portugueses em geral ainda não tomaram verdadeira consciência do que aconteceu no BPN. Sabe-se que o estado perdeu definitivamente 2,5 mil milhões de euros. Sabe-se que poderá perder mais 3,5 mil milhões de euros. O resto não se sabe. Acima de tudo é estranho ninguém coneguir explicar para onde foi este dinheiro, ou seja o que aconteceu e quem ficou com ele uma vez que não foi perdido num incêndio ou noutra calamidade mais ou menos natural. Ontem num documentário francês sobre a cidade de Detroit, foi avançado um número que despertou a minha curiosidade. O Governo americano, presidido por Obama, também foi obrigado a acorreu a um incêndio sistémico, resgatando da falência as 3 grandes construtoras americanas de automóveis (Ford, GM e Chrysler). Foram 7 mil milhões de euros, para as salvar da falência, do pós-subprime. Esses dois números de porporções gigantescas ficaram a bater na minha cabeça toda a noite. 6 mil milhões para o BPN, 7 mil milhões para a 3 Bigs. 3 empresas, multinacionais com centenas de milhares de trabalhadores e com cash-flows seguramente de dimensão próxima do PIB português. Este tema do BPN, toda a história, incluindo o risco sistémico, a chuva de milhões que o estado gastou para o evitar, o desaparecimento do dinheiro, e finalmente o último capítulo da privatização, tudo polvilhado pela impunidade com que os culpados irão ser agraciados, daria certamente um argumento cinematográfico capaz de ombrear com o Inside Trader ou com Wall Street.


Desde 1835 que o mapa administrativo português não sofria alteração significativa e das que sofreu, todas foram para o tornar mais obsoleto, por via da criação estupida de mais concelhos, para alargar a clientela partidária. Agora, com o pretexto da troika, parece que vão mexer mais profundamente no dito mapa, mas pelo que se tem vindo a saber, ao contrário das minhas espectativas, vão enfermar esta revisão de dois erros crasos: 1. como é tradição, nas reformas cosméticas, atacar-se-à o elo mais fraco, com menos poder revindicativo. As freguesias. Mantendo-se intactos os verdadeiros, gastadores de dinheiro e acumuladores de corrupção e de incompetência que são as Camaras Municipais. 2.O corte no número das freguesias, não vai trazer qualquer acréscimo de competência técnica às Autarquias, ou seja, o que faziam mal vai continuar a ser mal gerido. Esta pseudo reforma administrativa não vai capacitar as autarquias para acolherem as novas competências que lhes têm de ser entregues para serem tratadas de forma bem mais eficiente do que até aqui: educação, proteção civil, transportes públicos, gestão do território e ambiente. Grande parte das funções asseguradas pelas freguesias pertencem ao sector da assistência social às populações. Nada beliscam no cancro da gestão territorial que é onde o problema que a troika pretendia resolver, reside.