terça-feira, dezembro 18, 2012

Governo quer passar escolas para as mãos das autarquias - Renascença

Governo quer passar escolas para as mãos das autarquias - Renascença:

Este novo caminho que o governo está a traçar parece-me no bom sentido e só peca num aspecto: a descentralização da gestão das escolas não pode ser feita à escala Municipal mas sim ao nível Distrital ou de NUT III, tal como se fez a nova Lusitânia. Não há massa critica (técnica, humana e financeira) na maior parte dos municípios para que seja de outra forma.
Mas o que eu quero realçar nesta noticia é a desilusão que cada vez mais acompanha o Ministro Crato.
Este senhor professor, que tanto explicou na tv, nos livros e nos jornais a sua visão para o sector da educação não tem a mínima noção do que quer fazer, como fazer e onde mexer. Tem sido uma sucessão alucinante de ideias, propostas e iniciativas casuísticas que se consomem a si mesmas sem que nada apareça no terreno.
Num dia visita a Áustria e descobre que temos de seguir o modelo dual. Noutro dia acorda a pensar Autarquias e decide experiências piloto em Cascais. Em qualquer dos casos, as ideias surgem soltas, em rumores de noticias de jornal, a que se segue muito barulho de fundo, até as mesmas se atenuarem com o passar dos dias. Até aparecer a nova vaga que o Ministro lançará a seguir.
Continuamos sem saber se vai avançar a avaliação dos professores ou se já está encerrado o assunto. Continuamos sem saber se vão fechar cursos e quais. Em contrapartida da falta de resolução dos problemas herdados, temos uma tempestade de ideias e reformas.
Eu esperava muito dele. A quem o seguiu nos tempos do anterior governo parecia uma pessoa com ideias esclarecidas, com um plano bem pensado e capaz de injectar eficiência na velha locomotiva em que se transformou o Ministério da Educação.
Infelizmente não há a mínima noção do conjunto de espaços que constituem um sistema de ensino e bem ou mal  também não há consequências da sua passagem pela cadeira do poder.
O ministro arrisca-se a perder toda a credibilidade como expert em Educação e passar a ser conhecido como o Ministro malabarista do governo de Passos Coelho.

quinta-feira, dezembro 13, 2012

tudo a produzir, e em força

Ontem tive a oportunidade de assistir atentamente à entrevista do ministro ASP (Álvaro Santos Pereira) ao jornalista Gomes Ferreira e aproveitei para fazer o meu comentário no valor unitário de 2 cêntimos (como é usual).

Pois bem, é sabido por quem assistir a canais televisivos com foco na economia, e quem ler jornais com boa cobertura europeia, que a Europa e os EUA descobriram o erro que constituiu o desmantelamento do seu tecido  industrial. Não há nenhum ministro europeu ou americano que seja entrevistado e que não desbobine exactamente o mesmo discurso. "Temos de produzir mais, vender mais e comprar menos, aumentar o emprego". Até aqui tudo bem. Só que temos um problema, é que todos acordaram ou foram acordados para este problema ao mesmo tempo e como tal todos eles sem excepção estão a apostar tudo na reindustrialização dos respectivos países.
Este facto leva-nos a abordar o assunto em duas fatias: A Nacional e a Europeia.
Entre nós o quadro já é conhecido. A Europa é o nosso mercado preferencial, assumindo a Espanha e a Alemanha os dois principais clientes.
O ministro ASP, de quem guardo aliás boa imagem, quando abordado mais profundamente a pronunciar-se sobre a sustentabilidade das medidas, apenas falou na criação de um rótulo a aplicar nos produtos que no seu fabrico possuam uma superior incorporação nacional. Espera-se depois que seja o patriotismo dos consumidores a privilegiar esses produtos rotulados em detrimento de outros, com preço semelhante mas que se baseiem mais em exportações. É a lógica da substituição de importações por produção nacional. Nada disto é novo e muitos países praticam esta manobra, alguns com bons e outros com menos bons resultados. Certo é que nunca salvou nenhum país em crise e portanto sozinha não me parece que venha a dar suporte ao espectável aumento da oferta de produtos nacionais. Primeiro porque num mundo bem ou mal, globalizado, com o desequilíbrio que existe nos custos de produção entre Portugal e os países emergentes, não será fácil ter preços semelhantes entre os dois tipos de produtos. Segundo porque o mercado interno é extremamente pequeno. Terceiro porque estando a praticar um regime de empobrecimento da sociedade o consumo interno irá certamente manter-se retraído durante os próximos anos, diminuindo ainda mais esse mercado. 
É precisamente o tamanho do nosso mercado, que dita que esta medida dos rótulos tem de ser complementada e muito com o aumento das vendas ao exterior. Só que é aqui que a chamada "porca torçe o rabo", porque os nossos principais parceiros europeus e americanos estão a "cozinhar o bolo" com a mesma receita e portanto todos eles estão a rotular os seus próprios produtos e a pedir às pessoas para comprarem o que é deles. Sendo esta a situação, a solução passará por procurar novos mercados. Se não o fizermos com antecedência, podemos estar a incentivar a produção em excesso, face ao escoamento e a consequente criação de excedentes levará à falência provável das novas apostas salvadoras do país. Mas onde se encontram novos mercados? Em Angola, até quando? No Oriente, a que preço? 
Pensava que o ministro ASP, nos iria trazer algum esclarecimento mais sobre esta dúvida, mas de novo veio apenas o rótulo. 
A meu ver a única via será dirigir esta industrialização para os sectores que se distinguem do resto da oferta global. São nichos de qualidade, representando produtos que só nós (por enquanto) sabemos fazer melhor que os outros. Há um detalhe nesses produtos - raramente vêm do tecido industrial tradicional, mas antes do sector das industrias agro-alimentares. E também aqui temos um constrangimento, são nichos. E como nichos, o volume de negócios tem pequena dimensão. 
É aqui que está o desafio. Transformar nichos de qualidade em produtos massificados sem perder um grama da qualidade que os distingue dos outros.
Portanto se o ministro ASP, começar a falar em Reagroalimentação (acabei de inventar uma nova palavra) de Portugal, selecionando criteriosamente onde se aplicaram os fundos do QREN, e abandonando a triste estratégia de semear dinheiro por todas as capelinhas, teremos, na minha perspectiva pernas para andar.
Relativamente à Europa, vista como um bloco exportador, o problema ainda é mais grave porque a menos que regressem as taxas alfandegárias aos produtos que vêm do exterior, gerando uma verdadeira guerra comercial com os países que herdaram a industria europeia, não vejo como se poderá executar esta política de reindustrialização. Voltarei ao tema Europeu mais tarde porque o texto já excedeu todos os limites da paciência dos escassos leitores, mas deixo já o tema base: porque não internalizar nos preços dos produtos ultrabaratos dos emergentes os custos ambientais e sociais que lhes faltam?

terça-feira, dezembro 11, 2012

Trás-os-Montes

Segundo os dados do INE recolhidos em 2011, residem em Trás-os-Montes e Alto Douro 203000. No concelho de Bragança vivem 35000. Em Vila Real o mais povoado, vivem 51000, em Chaves 41000, em Mirandela 23000, em Celorico de Basto vivem 20000, em Cabeceiras de Basto são 16000 e em Alijó são quase 12 mil. Todos os outros concelhos têm menos de 10000 pessoas a viver lá. Isto são dados do Census de 2011. Desde então o mais natural é estes números terem decrescido como tem acontecido desde 2001.
Estes números referem-se à população residente em todo o concelho e não na cidade ou vila que é sede do mesmo, portanto dentro do próprio concelho a população está ainda mais dispersa.
Este é apenas um exemplo/retrato do país Interior.
10000 pessoas é mais ou menos a lotação do estádio do Leixões, ou o estádio do Olhanenense ou o estádio do Estrela da Amadora. O Pavilhão Atlântico em Lisboa comporta 20000 pessoas.
Poderá algum Estado assegurar todas as suas funções a todos os seus cidadãos, nestas condições? Não.
Não seria mais justo para essas populações que o Estado lhes propusesse claramente um novo contrato social, no qual ele garantiria todas as suas funções (Hospitais completos, Tribunais das várias instâncias, Escolas dos vários ciclos de ensino, Proteção Civil e Segurança Pública devidamente apetrechadas) em aglomerados populacionais racionalmente construídos e distribuídos pelo território nacional?  Em vez de andar a vender serviços que não consegue fornecer em condições mínimas de qualidade e eficácia.



quinta-feira, dezembro 06, 2012