quarta-feira, maio 30, 2012

io-io

A forma como o país está a enfrentar o aperto da dívida, sem praticamente alterar nada de substancial no que diz respeito à estrutura da sua economia, leva-me a admitir que o resultado final de toda esta situação vai ser o equivalente inverso das dietas io-io (digo inverso porque neste caso ser gordo, significa um país próspero). Quer isto dizer que estamos a emagrecer o PIB, aplicando medidas de austeridade que incidem apenas sobre os cidadãos, deprimindo essencialmente o seu consumo, para que depois, aliviando esse garrote, se consiga engordar durante uns anos, até que a economia recupere o que a recessão "comeu". O ritmo a que se soltará o garrote irá determinar o ritmo do crescimento, levando a crer que os partidos que estarão nesse altura no comando irão certamente gerir esse ritmo de acordo com o ciclo eleitoral.
O balanço final vai ser um PIB que inicialmente irá crescer de forma rápida, permitindo até ganhar as eleições, com a ilusão de que finalmente o país entrou no rumo do crescimento sustentável, mas que posteriormente, como a estrutura se manteve no essencial inalterada, retomaremos o crescimento anémico que ao longo de decadas caracteriza a nossa economia. Com alguma probabilidade, vamos ter 3 anos de emagrecimento acentuado, que depois se for bem gerido irá resultar em 8 a 10 anos de pseudo-crescimento, sendo que no fim o "paciente" voltará a ficar com os 120 kg com que começou o regime, e nem mais uma grama.
Infelizmente todos os sinais até agora apontam para esta conclusão.
A daqui concluo também que o sistema político português não se conjuga bem com os patamares evolutivos da democracia que até agora temos vindo a construir, uma vez que é ele que está a emperrar de forma irremediável o crescimento económico de Portugal.

terça-feira, maio 29, 2012

Quem cavou o buraco do BPN?

Uma pequena tentativa para contabilizar o(a)s senhores(as) que ficaram com o dinheiro que todos os portugueses estão a repôr.
Os valores são indicativos e foram pesquisados na internet, em jornais (principalmente no Diário de Noticias) e no livro "O escândalo do BPN" e completados com a reportagem da SIC em 22/12/2012).
É possível que alguns já tenham regularizado os créditos. A cinzento estão nomes e montantes que se encontram disponíveis em jornais e internet mas que não foram mencionados na reportagem da SIC, que estão a preto.

Buraco estimado entre os 2800 e os 4893 milhões de euros mas que, segundo alguns especialistas, pode chegar aos 8300 milhões!

Coveiros:

  • Duarte Lima, Pedro Lima e Vítor Raposo (Homeland): 49,655 milhões
  • Luís Duque, vereador da CM de Sintra: indeterminado
  • empresário Carlos Marques (stand SportClasse), e advogados Diamantino Morais e Teresa Rodrigues: 100 milhões
  • José Oliveira e Costa 15,307 milhões
  • a filha Yolanda Maria Rodrigues Oliveira e Costa (PROGLOBO) : 3,447 milhões
  • José Oliveira e Costa, António Franco (ex-administrador), José Vaz de Mascarenhas (ex-presidente do Banco Insular) e Ricardo Pinheiro (ex-director do Departamento de Operações do banco): 222,1 milhões
  • Abdool Vakil: indeterminado
  • Banco EFISA 126 milhões
  • Luís Carlos Caprichoso (PLEXPART): 0,820 milhões
  • Francisco Sanchez: indeterminado
  • José Vaz Mascarenhas: indeterminado
  • Luís Reis Almeida: indeterminado
  • Isabel Cardoso: indeterminado
  • José Augusto Rodrigues Monteverde (BIGMUNDI): 5,632 milhões
  • Luís Ferreira Alves: indetermnado
  • F. Baião do Nascimento: indetermnado
  • António Martins Franco: indetermnado
  • Rui Guimarães Dias Costa (Labicer): indetermnado
  • Telmo Reis (Labicer): indeterminado
  • Hernâni Ferreira (gerente da sociedade FOimobiliária) : indetermnado
  • Labicer: 82 milhões
  • Invesco (off-shore): 17,538 milhões
  • Jared Finance (off-shore): 46,588 milhões
  • Solrac (off-shore): 115,116 milhões
  • Merfield Servises (off-shore): 6,615 milhões
  • Marbay Enterprises (off-shore): 4,155 milhões
  • Tempory Limited (off-shore): 3,845 milhões
  • Redshield Services (off-shore): 12,450 milhões
  • Reltona Enterprises (off-shore): 12,585 milhões
  • Webster Worldwide Assets: 26,82 milhões
  • Financial Advisory Services: 2,449 milhões de dólares
  • Orienama Investments: 713,106 mil dólares
  • Antorini Brasil Participações: 399, 247 mil dólares
  • Solrac 77,7 milhões
  • Seaford Holdings: 15 milhões
  • Resia Finance: 6,7 milhões
  • Mardell Investiments: 25,5 milhões
  • Kayes Associated: 2,5 milhões
  • Imobiliária Pousa Flores: 1,55 milhões
  • Almiro Silva: 14.05 milhões
  • Starzone, empresa participada da SLN que geria os direitos de imagem do futebolista Luís Figo e do ex-selecionador português de futebol Luiz Filipe Scolari: 47 mil euros
  • Vítor Baía (através das empresas  Suderel- Gestão Imobiliária SA e  Cleal) 4 milhões
  • Telmo Belino Reis 3,6 milhões
  • Dias Loureiro 10 a 30 milhões
  • Arlindo de Carvalho e José Neto (empresa Pousa Flores) 74,363 milhões
  • Arlindo de Carvalho (via Banco Insular) 4,88 milhões
  • José Neto (via Banco Insular) 4,89 milhões
  • António Coelho Marinho 0,735 milhões
  • Duarte Lima (empréstimo para comprar obras de arte) 6 milhões
  • Fernando Estevam Oliveira Fantasia (OPI 92 e PAPREFU - imobiliárias): 80,847 milhões
  • Emídio Manuel Catum (PLURIPAR): 134,740 milhões 
  • Emídio Manuel Catum e Fernando Fantasia 72,131 milhões
  • José Manuel Gama Pereira (gerente do balcão BPN nas Amoreiras) 10 milhões
  • Francisco Guedes e Leonel Gordo (respectivamente gerente e subgerente do balcão de Fátima) 3,584 milhões
  • Joaquim Pessoa (vendeu ao banco uma colecção de arte pré-histórica falsa): 5,3 milhões
  • Almerindo Duarte (TRANSIBERICA): 23,040 milhões
  • Casa do Douro: 26,549 milhões
  • CNE - Cimentos Nacionais e Estrangeiros: 90,441 milhões
  • Galilei: talvez 1000 milhões
  • Joaquim Alberto Vieira Coimbra (TURITON-Imobiliária): 11,032 milhões
  • Vitória Futebol Clube: 7,021 milhões
  • Boavista Futebol Clube: 3,552 milhões
  • Tomás Taveira (arquitecto): 0,828 milhões

  • TOTAL até agora tornado mais ou menos público: 3795,96 milhões

Era tão bom que publicassem todos os créditos transferidos para a Parvalorem, para a Parups e para a Parparticipadas para sabermos tudo. Para sabermos a quem andamos a pagar os calotes.

quinta-feira, maio 24, 2012

Portugal não é como a Grécia * infinito

Todo português patriótico tem como dever repetir sempre que puder a seguinte frase: Portugal não é como a Grécia.
Este exercício deve ser repetido pelo menos 3 vezes por dia e de preferência em locais públicos.
O objectivo é que com este esforço colossal, de 10 milhões de pessoas, se cumpra a velha máxima inventada por um alemão que explica como uma mentira repetida imensas vezes se pode tornar realidade.
Quero portanto usar este modesto pulpito para dar vazão ao meu dever.

Ora aqui está então: Portugal não é a Grécia e para quem não acredita nisto decidi listar uma série de coisas praticas que distinguem os dois países.

1. A queda da ditadura grega deu-se em 1975 enquanto que portugal iniciou a democracia em 1974. Foram de facto 52 semanas de diferença que deram a Portugal uma superior consolidação da democracia.

2. Na Grécia existem 2 partidos que entre si partilharam o regabofe em se transformaram estes 37 anos de democracia. Ora em contraponto em Portugal assistimos a uma saudável alternância democrática entre 2 forças políticas que constituem o chamado arco de poder destes 38 anos de progresso.

3. Na antecamara da ruína  grega, os alemães convenceram o governo a comprar 3 submarinos, num negócio envolto em corrupção e prejuízo para o Estado. Em Portugal também foram comprados 3 submarinos à mesma empresa, mas de uma versão superior, já com software de última geração e com capacidade para lançamentos de pastéis de nata em operações humanitárias.

4. Na Grécia, ainda dentro dessa antecâmara de ruína, organizaram-se Jogos da XXVIII Olimpíada, em 2004 e ainda hoje se pagam dívidas enormes sobre essa organização megalomana. O nosso país, muito mais inteligente, organizou no mesmo ano de 2004, o Europeu de futebol, uma actividade muito mais lucrativa e que rendeu milhões de euros de lucros ao país e belissimos estádios de futebol, alguns dos quais se transformaram posteriormente em anfiteatros gregos pós-modernos.

5. Como é sabido, a Grécia fica na periferia leste da europa, enquanto que Portugal fica situado no extremo oposto dessa mesma períferia, ou seja a Oeste. Haverá diferença maior que esta entre duas nações?

6. A Grécia encetou  a partir de 1980, um movimento imparável de obras públicas com pouco ou nenhum impacto positivo na economia do país, consistindo principalmente em estradas, aeroportos, pontes, hospitais, piscinas e rotundas. Em Portugal jamais actuariamos centrados unicamente em sectores não transacionáveis até porque isso tornaria a dívida demasiado pesada. Optamos inteligentemente por investir nas infraestruturas que melhor potenciam o crescimento do país ou seja: estradas, aeroportos, pontes, hospitais, piscinas e rotundas.

7. A população grega está envelhecida enquanto a nossa está apenas idosa.

8. Em Portugal criou-se uma época oficial de fogos florestais, enquanto que na Grécia as pobres florestas mediterrânicas ardem desordenamente mal chega o Verão.

9. A Grécia foi durante séculos uma provincia Turca, criando-se por isso muitos atritos e má vizinhança entre esses dois povos, outrora imperiais. Portugal e a vizinha Espanha, que outrora dividiram o planeta entre si, tiveram alguns arufos mas nada que belisque a amizade que os une.

10. É sabido que os aldrabões dos gregos falsificaram as contas públicas para esconder a sua incompetência e despesismo descontrolado. Em Portugal, a engenharia financeira apetrechou o Estado com ferramentas tão sofisticadas que conseguimos fazer igual aos gregos sem que ninguem nos chame aldrabões lá fora. Por exemplo, temos uma empresa pública que compra imóveis ao Estado, gerando receitas fantásticas a partir do ar.


Querem mais uma?

11. A bandeira da Grécia é azul e branca e a de Portugal é verde e vermelha.

Lembrei outra bem boa:

12. A Grécia ganhou um festival eurovisão da canção (simbolo da decadência europeia). Portugal nunca ficou sequer no top 3.

sábado, maio 19, 2012

Qual Crescimento?

Com a vitória recente de François Hollande nas presidenciais francesas, aumentou o grupo de pessoas que apelam à europa (figura cada vez mais espectral) para promover políticas de crescimento que atenuem os efeitos recessivos da austeridade generalizada.
Temos então de reflectir o que tem sido até agora essa politica de investimento e se é dela de facto que a europa precisa.
Uma grande fatia da promoção do crescimento têm sido os fundos estruturais que os países agora em dificuldades têm tido acesso. Esses fundos, são atribuídos aos governos porque se acreditou em Bruxelas que esses seriam os melhores gestores e ninguem melhor que eles saberiam canalizar essa ajuda para robustecer as respectivas economias. Ingenuidade!
Infelizmente para os povos desses países, a agenda dos sucessivos governos que beneficiaram dos fundos estruturas era encabeçada por um só objectivo, garantir a vitória na próxima eleição.
Outro facto contribuiu também para a infelicidade e posterior ruína desses Estados, os fundos eram atríbuídos com prazo de validade. Parece absurdo, mas foi a realidade. 
A conjugação destes dois factos levou ao seguinte raciocinio dos governantes: 

1. "temos aqui uma montanha de euros para gastar em x anos."
2. "se não o gastarmos eles não voltam"
3. "temos de ganhar eleições"
4. "temos lóbis que nos ajudam a ganhar eleições"
5. SOLUÇÃO: vamos "investir" os fundos europeus nos negócios dos nossos "amigos"

Foi isto que aconteceu em todo o lado.
Será uma nova dose disto que a europa precisa? De certo que muitos, talvez mesmo a maioria dos que apelam por novas políticas de crescimento, desejam acima de tudo essa nova dose mas não seria bom, por uma vez que seja, tornar as politicas de crescimento, verdadeiras alavancas no reforço das economias dos Estados e da Europa?

Para que tivessemos isso, a europa tinha acima de tudo de pensar em sí de forma integrada, ou se quiserem de forma CONTINENTAL.
A partir daqui a europa teria de traçar objectivos concretos sobre áreas essenciais ao desenvolvimento economico: 
Objectivos europeus na área energética;
Objectivos europeus na área de transportes e comunicações;
Objectivos europeus na área da educação;
Objectivos europeus na área industrial;

Só depois de definidos estes objectivos, é que a europa devia começar a investir no estímulo à economia e à promoção do crescimento.
Não ha outra solução. 

quarta-feira, maio 16, 2012

Esta nossa democracia é assim, de vez em quando alguém do regime faz uma asneira, pega-se nele chamam-lhe arguido e manda-se uns tempos para uma prisão enquanto se finge que se está a investigar melhor a situação. Depois quando o tempo aconselha, manda-se o sujeito para casa com uma pulseira ou outro tipo de castigo, à laia de castigo infantil, "vai lá embora e não voltes a jogar à bola na rua".
Ficam assim concluídos os castigos da "gente" do regime. Não espere o povo outro tipo de justiça neste país.
Os exemplos são tantos que nem vale a pena listá-los. O próprio povo já sabe associar ao tipo de arguidos que ciclicamente caem nesta situção, o tipo de castigo que lhe irá ser proposto. E o que é verdadeiramente grave é que já todos nos conformamos que a vida deve ser mesmo assim. Já ficamos satisfeitos porque pelo menos tiveram que passar uns diazitos fechados num sitio qualquer sem poder ir ao cinema, ou passear à beira mar. Nem nos lembramos ou queremos saber se podem estar inocentes. E parece que eles também não se importam muito em serem detidos sem julgamento ou sem provas dos delitos que alegadamente cometeram. É o preço a pagar por pertencerem ao clube do regime. Sabem que em breve voltam à liberdade, e que o povo já ficou contente por vê-los dentro dos automóveis da PJ a cobrir a cara, quando saem a alta velocidade para os malditos "calabouços" da judiciária. Reparem que a comunicação social (também dominada pelo regime) usa muito esta expressão quando os arguidos são do tipo "colarinho branco" precisamente para o povo ao ouvir essa palavra, imaginar imediatamente, umas instalações do tipo da santa inquisição, onde eles irão estar sujeitos às mais variadas sevicias corporais, a obrigados a comer só pão e beber só água.

A verdade é uma só: Há intocáveis em Portugal, e não são poucos. 

Outra verdade: Não procurem distinguir esta gente em função das cores dos partidos a que pertencem porque neste caso, todos "comem da mesma gamela" e também porque o universo desta gente não se restringe à política.

terça-feira, maio 08, 2012

A liga francesa

O socialista Hollande está para a república francesa como o nosso Mário Figueiredo está para a liga portuguesa de futebol profissional.
Sempre se mentiu para alcançar objectivos o que destaca estes dois casos é a falta de preocupação nas conseqüências que as suas falsas promessas terão nos que os elegeram.
Na altura de angariar votos sempre a classe política usou de meios mais ou menos fantasiosos para alcançar o objectivo. Em maior ou menor grau todos o fazem.
Quando no entanto a fantasia atinge este nível só podemos estar perante alguém que até já sabe qual vai ser o percurso alternativo ao país das maravilhas que vendeu aos cidadãos.
Aqui como no circo o bom acrobata dedica o mesmo tempo a treinar o salto como a preparar a queda.