domingo, novembro 27, 2005

mais asfalto2

Ontem na inauguração do troço de que falei no post anterior, o primeiro ministro anunciou mais 226 km de auto-estradas até 2007, só no norte do país. É isto que o meu povo gosta, diria Jorge Perestrelo.
Noutros países o progresso da nação mede-se em taxas de analfabetização, taxas de produtividade, déficit de balança comercial, etc. Em portugal é mais simples. Seremos mais evoluídos se tivermos mais tlm por habitante, comprarmos mais carros que os outros países e tivermos o país todo retalhado de auto-estradas, ic, ip, etc etc etc.

sábado, novembro 26, 2005

mais asfalto.

Descobri recentemente mais um belo exemplo de como lentamente os portugueses estão a asfaltar o país com os euros dos quadros comunitários de apoio. O caso das auto-estradas paralelas, do qual já conhecia o episódio A29/A1, multiplicou-se ao perceber que a A11 que liga braga ao litoral sul de esposende, corre em paralelo com a A7 no troço entre guimarães e a póvoa de varzim. Certamente que foram os autarcas das 2 cidades a fazer pressão para que o estado gastasse mais uns milhões a fazer uma ligação quase privativa das respectivas cidades à praia. Os portugueses que vivem longe não se apercebem destes casos, mas o que é certo é que o país continua a gastar milhões e milhões em obras não planeadas, decididas em cima do joelho ou à mesa de café frente a frente com uma bela sandes de queijo, talvez limiano.
Deixo mais uma vez o apelo a q consultem um mapa de estradas ibérico actualizado, identifiquem os exemplos q descrevi, e comparem o panorama rodoviário dos 2 lidos da fronteira, reflectindo nas diferenças de desenvolvimento sócio-económico dos 2 países.

domingo, novembro 20, 2005

dia mundial em memória das vítimas da estrada

Comemorou-se hoje este dia. Tristemente, portugal lidera as estatísticas europeias em número de mortos, em número de feridos e em número de acidentes. O debate q se tem feito sobre este assunto gira em volta das causas quase sobrenaturais q fazem de portugal o líder, e entre as mais badaladas surgem o civismo, ou a falta dele, as más estradas, o sangue latino, e o apetite por bebidas alcoólicas e outros produtos dopantes.
O facto de portugal ter optado por previligiar o transporte rodoviário em deterimento do ferroviário, raramente aparece no debate. E qd actualmente se discutem investimentos avultados no tgv, parece ser boa altura juntar as 2 coisas e reflectir um pouco neste assunto.
Foi em plena era do "progresso" cavaquista q os políticos elaboraram o famoso plano rodoviário nacional, posteriormente revisto e melhorado pelo pântano guterrista. Em ambos os momentos, o objectivo a atingir permaneceu intocado: dotar o país da melhor rede rodoviária da europa, ligando todas as capitais de distrito por auto-estrada. Um projecto grandioso,capaz de fazer os parceiros europeus roerem-se de inveja.
Estou convencido q tudo foi estudado ao mais ínfimo pormenor, e foram colocados nos 2 pratos da balança, os custos que esta opção teria em termos de sinistralidade, por oposição ao grande contributo destas obras no desenvolvimento do sector da construção civil e obras públicas. Teria sido o peso deste último factor que inviabilizou a hipótese de ligar as mesmas capitais de distrito por uma moderna e eficiente rede de comboios.
É sabido q a construção de uma via férrea é mt mais rápida, mt mais barata e mt mais light em termos de mão de obra do que uma bela auto-estrada. Podiamos tb avaliar as 2 opções em termos de energia, emissões e impactes no ambiente, mas todos esses factores juntos não chegaram para dobrar o poderoso lobi das estradas e produtos associados.
Foram todas estas reflexões e decisões, q levaram a q nesta altura do desenvolvimento do país, em pleno ano de 2005, e numa altura em que o plano rodoviário já deu origem a milhares de km de asfalto, a simples ideia de se construir um tgv me faz ficar perplexo com esta maneira de planear o futuro de um país.
O momento de planear, já passou. Foi à décadas atrás. E bem ou mal, pra mim mt mal, foi decidido q portugal escolheria o caminho rodoviário, a solução do asfalto. E essa decisão foi tomada em plena consciência e com todas as consequências explicadas em estudos e pareces.
Porque haveremos agora de fingir que afinal não se decidiu nada e que podemos gastar mais milhões num tgv? Qual é o país do mundo onde se gasta tudo o q existe e neste caso já o que não existe, em sistemas de transporte? Estará na cabeça dos decisores deste país que o progresso de um povo se esgota construindo sistemas de transporte? E a seguir ao tgv o que teremos? Canais aquáticos que liguem tudo a tudo mas desta vez por jet-ski? E a seguir, de avião?
A verdade é que o ciclo do asfalto parece estar a chegar ao fim. A maior parte das estradas estão prontas ou já projectadas e o lobi reparou que tem de começar a preparar um novo objecto de desejo. E se tiver q ser o tgv que seja. O lobi do automóvel poderia não ficar mt contente, mas como eles já perceberam q este projecto de comboio nunca vai ser competição aos bolides q comercializam, alimentam e cuidam, tb deram a sua anuência.
O preço que o país está a pagar em sofrimento e em vidas humanas, foi o preço q os governos já tinham conhecimento qd decidiram o futuro do país. Certamente que sabiam o q iria acontecer, mas os proveitos foram considerados superiores aos prejuízos. O que não é justo é que peçam agora ao povo português que para além do sangue e do sofrimento, contribuam outra vez com mais milhões para se fingir q nada disto foi planeado e pensado e que ainda vamos a tempo de abraçar o novo paradigma da modernidade, o tgv.
Na nova lusitânia, os milhões q estão já reservados para o tgv e para o aeroporto da ota, seriam investidos da seguinte forma:
1. ligação ferroviária de alta velocidade, dedicada ao transporte de mercadorias entre sines e espanha e entre aveiro e espanha.
2. Modernização de todos os portos marítimos com potencial de crescimento.
3. Finalização de uma vez por todas da ligação ferroviária da linha do norte em comboio pendular, prolongando a linha até vigo.
4. Investimento forte e decisivo em investigação e desenvolvimento no sector da energia das ondas e na energia solar, incentivando o país a tornar-se auto-suficiente em termos energéticos, ao mesmo tempo em que se tornaria um forte player mundial nas tecnologias deste sector.
Todos eles elementos de investimento que dotariam o país de activos geradores de riqueza, de um rumo certo e de um sinal claro que o país não anda ao sabor de lobis nem de vontades inconfessaveis.

quarta-feira, novembro 16, 2005

os guarda-redes da seleção

O problema que se vem agudizando em torno da baliza da seleção portuguesa, e as recentes e parvas afirmações do treinador Scolari acerca do lobi do Baía, recordam-me outros tempos em que o mesmo lobi, aparentemente infectou a baliza do FC Porto.
Se bem me lembro, após a contratação de Vítor Baía pelo FC Barcelona, o Porto "gastou" 6 guarda-redes em apenas 2 anos. Costinha, Hilário, Krall (titular indiscutível da seleção da ex-juguslávia), Ericsson (suplente de Thomas Ravelli na baliza sueca), Wosniac (o titular da seleção polaca) e Paulo Santos (actual preferido do treinador brasileiro).
Estranhamente, nenhum deles, por mais credenciais e talento q tivessem, servia para ocupar o posto de guardião azul e branco. O lugar seria posteriormente preenchido qd Vítor Baía regressou do clube espanhol. Na altura falava-se no fantasma de Baía, agora parece que é um lobi, inaudito.
Será, senhor Scolari, que o lobi de que se queixa, e que tanto o faz sofrer, é o mesmo desse tempo? Ou será que afinal se trata do lobi da qualidade que costuma andar coligado com jogadores fora de série?

Provavelmente vamos ter de esperar q o treinador brasileiro abandone o posto que actualmente ocupa para saber na verdade qual é a origem deste estranho lobi.
Eu estou muito curioso por saber esta resposta.

sexta-feira, novembro 11, 2005

como é possível?

Detesto esta noção tipicamente portuguesa das grandes obras de regime. Considero criminoso como se assumem passivos gigantescos para o estado, sem o mínimo de lógica de investimento apenas com o objectivo de que é preciso fazer obra. Acho até que decisões desastrosas como estas deviam merecer penas de prisão. Mas nos dias que correm é imperioso questionar uma coisa q é tão obscena como os elefantes brancos que se vão criando. A questão é esta: Como é possível que o psd e o pp e alguns ex-elementos do anterior governo, se manifestem agora contra a ota e o tgv, dp de terem sido fanáticamente defensores dos mesmos projectos enquanto eram governo? Que classe de políticos são estes que exibem com aparente orgulho, a facilidade com que saltam de galho em galho conforme sopra o vento?
Desta atitude absolutamente hipócrita nasce outra questão fundamental: como é possível esquecer estas coisas qd os mesmos senhores nos vêm pedir o nosso voto?
E o drama ainda aumenta de tom qd concluímos que o ps se comporta exactamente da mesma forma.