segunda-feira, setembro 07, 2009

as doenças de portugal

Portugal sofre de uma doença grave e em evolução rápida, para a qual não encontra remédio. A expansão imobiliária está a matar o país. Quem é proprietário de um terreno só descansa quando o urbaniza. Parece que é destino do país transformar-se numa imensa cidade com 500 km de comprimento e 200 de largura. Uma cidade fatalmente deserta por falta de quem a ocupe. Já temos 3 fogos para cada habitante e continuamos a construir. Constrói-se em todo lado e quando alguém ou alguma lei impede algum tipo de urbanização, muda-se a lei ou processa-se quem tenta impedir.
Tudo isto mete-me nojo.
Mete nojo viver neste país de ignorantes gananciosos.
Só alterando profundamente a constituição se poderá travar o avanço desta doença.
A lógica deste país de ignorantes indica que terá de ser o estado, comprando rapidamente todos os terrenos não edificados, a evitar que os seus cidadãos condenem de vez este rectângulo à destruição total.
Porem o mais dramático de tudo isto é que nenhum partido político se atreve sequer a tocar neste drama nacional.
Têm medo, ignoram simplesmente ou estão vendidos aos grupos económicos que lucram com a selvajaria reinante.
Soluções para isto? Há muitas e algumas tão simples que de certeza que resultariam. Exemplo? Porque não impor aos Municípios a obrigatoriedade de pelo menos 1/3 do seu território ficar com coberto florestal? Sabiam que em Vagos a própria autarquia cedeu terrenos seus para construção de mais um mega empreendimento turístico? Quando o próprio Estado se comporta assim como se há-de salvar o país?
Aplicando esta simples regra, entendida por todos e muito facilmente fiscalizável (novas tecnologias de captação de imagem via satélite) que poderia ser prejudicado? A resposta vem dar à segunda doença de Portugal.

Portugal tem também uma grave doença oncológica no seu sector económico. Na base de todos os problemas nacionais está a subordinação sistemática das opções estratégicas de desenvolvimento, às decisões das grandes empresas (ver PSI 20). Foram a Brisa, as construtoras (Soares da Costa, Mota-Engil e Teixeira Duarte) e os bancos que traçaram o Plano Rodoviário Nacional, os planos do TGV, as obras nos aeroportos, os planos das grandes obras públicas (os estádios, os hospitais, etc). Nenhuma destas obras foi decidida a pensar nas populações, no desenvolvimento sustentado do país.
Foi a Sonae e a Jerónimo Martins mais as papeleiras e os bancos que decidiram a morte da produção agrícola nacional e que traçaram o destino das florestas portuguesas e dos respectivos ciclos de incêndios.
A Galp e a EDP e os bancos decidiram a estratégia energética nacional, ou melhor dizendo a crónica ausência dela.
A PT e os bancos decidiram a TV Digital Terrestre, e os timings para implementação da banda larga em todo o país.
E mesmo quando não são empresas a decidir, vêm as ordens e as associações do sector opinar (leia-se ordenar) como se deve fazer para não as beliscar. Vejam-se os comportamentos da Associação Nacional de Farmácias (que mandou despedir o Ministro), da Ordem dos Médicos que tudo faz para manter vivo e bem vivo o programa de combate às listas de espera, ou os sindicatos dos professores que são sempre a favor de um programa de avaliação mas nunca do que está a ser executado.

Com um bocado de reflexão veremos que tudo o que teve e tem interesse estratégico para o desenvolvimento do país, acabou e acaba sempre, por ser aprovado directa ou indirectamente por corporações mais ou menos privadas. Por grandes empresas. Por empresas e corporações que sempre (desde o tempo de Salazar, algumas) decidiram o rumo do país.

Não gosto de teorias de conspiração mas esta merece de facto profunda reflexão!

No entanto, também para isto há solução. Simples e aplicável como a outra.
Qual? É muito fácil. Abram o país à concorrência! Deixem que a Europa e o mundo entrem em Portugal. Acabem com as golden shares. Enterrem de vez a cantiga da protecção aos centros de decisão nacionais que é apenas uma farsa para esconder a submissão do estado aos interesses dos PSI 20. Com concorrentes de peso a morder-lhes os calcanhares e sem a protecção sempre presente do Estado, quem ganha em última instância são as populações e as boas opções para o desenvolvimento do país.