terça-feira, julho 12, 2005

economia

Talvez o que se passe em Portugal nos dias de hoje, seja antes de tudo o mais, um problema de oportunismo económico.
Há diversos factores produtivos que influenciam a chamada "produtividade". Desde logo a famosa mão-de-obra, que como todos sabemos, fruto do bombardeamento diário dos media nacionais, é pobre em qualificações e forte em salários reduzidos. Mas há outros factores que se conjugam para a formação dos preços finais das coisas: a energia que eles gastam para serem produzidos, o custo do transporte das matérias primas e dos produtos acabados até nós, as comunicações e o marketing.
Os dois primeiros parecem-me os mais importantes mas há também produtos cuja fatia de marketing é muito superior a todas as outras, estou a lembrar-me por exemplo dos produtos de limpeza por exemplo.

Durante o período em que a edp, a galp, a portugal telecom eram empresas públicas, e o lucro não era o único objectivo, os seus respectivos produtos eram razoavelmente baratos e por consequência, as empresas nacionais conseguiam também produzir coisas mais acessíveis, empurrando um pouco os produtos estrangeiros.

- E então e os salários baixos? Todos nós sabemos que os empresários portugueses jogavam com os salários baixos para competir com os estrangeiros! Era isso que fazia girar a nossa economia -

Era assim e eu não vejo que isso tenha mudado! Voçês vêm?

Sendo assim, a grande mudança que ocorreu insere-se nos outros factores de produção.
A partir do momento em que artificialmente, o estado se desfez dessas empresas, sem criar os seus mecanismos de regulação nem assegurar previamente que a livre concorrência as pudesse regular, o que se passou foi que elas obedecendo à necessidade de fornecerem anualmente lucros avultados aos seus accionistas, tornaram os seus produtos muito mais caros, fazendo sofrer todo o tecido produtivo do país.

Portugal tem assim uma das mais caras electricidades da Europa, um dos maiores custos em telecomunicações da Europa e a gasolina mais cara do continente. Como consequência todos os seus produtos perderam rapidamente a competitividade quer interna, sendo vencidos por qualquer produto importado, quer externa, vendo diminuída a sua possibilidade de exportação.

Foi como se de repente, o estado tivesse aberto a única fonte do deserto, e tivessse entregue a sua exploração, a um empresário com uma doença grave: febre dos lucros. Sem concorrência, e a vender um produto de primeirissima necessidade esse empresário tem mãos livres para decretar o preço que quiser e quem sofre são os consumidores.

Será uma visão errada mas não custa nada pensar nela (por enquanto)

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