sexta-feira, setembro 23, 2005

eleições

Nenhuma eleição me enerva e entristece tanto como as autárquicas. Curiosamente ou talvez não, é a sua característica e famosa proximidade com as populações o factor que me causa tantos problemas. É de facto esta, a única campanha que mostra algum do país real e respectivos mentores, a toda a sociedade. A cada reportagem que passa são fotografados e revelados os problemas, urbanos, as negociatas, as corrupções, as notórias incapacidades dos actuais e de quase todos os pretendentes aos lugares camarários.
Se nas eleições presidenciais se vende essencialmente a imagem e o feitio dos candidatos, tornando a escolha quase pessoal e como tal simples, nas autárquicas o que se vende é a hipótese de o candidato x poder ser menos mau que o actual presidente, sabendo de antemão que ambos vão usar os mesmos mecanismos/truques e vão ter mais ou menos os mesmos tipos de soluções.
Se nas legislativas o que se usa para vender os partidos são vídeoclips e imagens bem tratadas a par com comícios bem encenados, nas autárquicas é quase obrigatório mostrar imagens dos concelhos visados e servem essas imagens para exemplificar os erros, as anormalidades, as péssimas condições em que se vive na grande maior parte deste pequeno país.
Este ano no entanto, parece que o cenário ainda é mais degradante e desmotivador. Nunca como este ano tivemos tantos candidatos bandidos (como catalogou o bloco de esquerda) e nunca como este ano as televisões os têm promovido.
O poder local é, em cada ano que passa, um poder mais incompetente por força da fraqueza dos candidatos e é um poder, em termos democráticos, insuportavelmente frágil.

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