segunda-feira, novembro 22, 2010

bens transaccionáveis vs investimentos estruturantes


Até há um par de anos os políticos portugueses da moda enchiam a boca com a virtude dos investimentos estruturantes que os seus governos semeavam pelo país. Tudo era virtude. As autoestradas iam estruturar o interior de uma forma que eles nem sonhavam que podia acontecer. Os Estádios de futebol iam estruturar o desporto nacional erguendo-o ao nível das medalhas olímpicas. As albufeiras iam estruturar zonas do país deprimidas. Os pavilhões desportivos, as piscinas, os centros culturais, os centros de saúde, as lojas do cidadão, as redes de nova geração. Tudo era fundamental para o futuro do país. Tudo era estruturante e tudo era para fazer ASAP.
A crise que submergiu o modo de vida ocidental, fez desaparecer este discurso. Os mesmos que aplaudiam as benesses estruturantes, agora diabolizam-as. Foi dinheiro mal gasto. O país gastou tudo o que tinha e o que pedia emprestado, em bens não transaccionáveis.
Exactamente. Nasceram agora os bens transaccionáveis. Foi pena não termos conhecimento deles antes mas ainda bem que os nossos políticos aprenderam agora que afinal o país precisa de ganhar dinheiro para pagar as dividas e portanto temos de vender mercadorias para o exterior.
Receio que se instale agora a euforia do investimento em bens transaccionáveis e que tal como a anterior euforia, o país entre numa espiral descontrolada que acabará por gastar dinheiro em coisas estúpidas, tal como aconteceu anteriormente.
O sintoma desta euforia em instalação é todos os dias revelado por todos os especialistas que partilham connosco a sua sabedoria, nos canais de televisão. Não há um único que chamado a avançar a cura para o país, não repita vezes sem conta essas duas palavras recém aparecidas no vocábulo nacional - Bens transaccionáveis
Portugal tem essa característica, se calhar masculina, de se focar num só tom e tocá-lo até à náusea.

Sem comentários: